POPULARIZAÇÃO DA CORRIDA
Leo Bifulco Ferrer, 65 anos, é um dos corredores pioneiros na popularização da corrida. Foto: 95ª São Silvestre, 31.12.2019.
Até a década de 1960, século XX, praticamente ninguém fazia atividade física aeróbica. Isso também era reflexo de que a atividade física, o trabalho braçal e hábitos hoje considerados saudáveis eram negligenciados. Naquele século o cinema era glamoroso, o cigarro era parte integrante das mãos dos famosos do cinema, assim como um copo de uísque e charuto. O chofer dirigia o automóvel dos magnatas, que tinham empregados para o trabalho braçal: não fazer nada era status.
O fato é que a inatividade física (sedentarismo), tabaco e abuso do álcool produzem efeitos prejudiciais ao ser humano.
Kenneth Cooper, médico da Força Aérea dos Estados Unidos, reconheceu a importância da atividade física aeróbica. A partir da década de 1960, escreveu livros como Aerobics e Aptidão Física em Qualquer Idade.
Criou o método Cooper e o teste de Cooper, que consiste em correr 12 minutos e avaliar a condição física pela distância percorrida.
Em 1977, o livro de James Fixx, Guia Completo de Corrida, vendeu 1 milhão de exemplares nos Estados Unidos e influenciou uma geração, inclusive no Brasil.
Fixx era obeso e sedentário até os 36 anos, depois corria sempre e chegou, no somatório dos quilômetros, à distância equivalente a uma volta na Terra. Paradoxalmente, morreu aos 52 anos de infarto enquanto corria. Fixx sentia dores no peito. Cooper havia convidado Fixx para fazer exames, mas não quis. Cooper escreveu o livro Correndo sem Medo analisando a morte de Fixx e orientando para evitar riscos.
A corrida sobreviveu.
A corrida, como toda atividade física aeróbica, utiliza a energia produzida pela queima de nutrientes pelo oxigênio.
A pessoa emagrece, pois há queima de nutrientes, principalmente glicose e gordura.
O sistema cardiorrespiratório fortalece.
O sistema imunológico melhora.
A pessoa se sente bem pois o organismo forte previne doenças, desde gripes até cardiopatias e neoplasias, proporcionando saúde e qualidade de vida.
Capacidade aeróbica é a capacidade de produção de energia pela queima dos nutrientes pelo oxigênio.
Cada indivíduo tem determinada capacidade aeróbica, que aumenta gradativa e imperceptivelmente com os treinos. Mesmo quem nunca correu e começa com distâncias pequenas, treinando adequada e constantemente aperfeiçoa a passada, aumenta a capacidade aeróbica e, assim, percorrerá grandes distâncias no futuro prazerosa e naturalmente.
Em consequência, a corrida se popularizou.
Podemos considerar que no Brasil os eventos de corrida começaram no final da década de 1970. Não havia conhecimento sobre treinamento nem tênis para corrida. As corridas pedestres eram poucas e incipientes, com algumas dezenas de participantes que treinavam regularmente. Não existia a tecnologia e as corridas pecavam pela organização
Havia corridas antigas, como a São Silvestre com número razoável de participantes, mas corriam sem treino.
A evolução foi astronômica tanto nos treinos quanto na organização, o que resultou em milhões de corredores com treino adequado e milhares de corridas bem organizadas no país.
Leo Bifulco Ferrer é um dos pioneiros corredores brasileiros: é a própria história da corrida. Participou dessa evolução e popularização da corrida, e correu até ultramaratonas de 24 horas. Aos 65 anos, com tanto conhecimento sobre correr, treina dezenas de quilômetros por dia.
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