A FEBRE AMARELA E O MEIO AMBIENTE
A febre amarela chegou às Américas através de navios negreiros no século retrasado, onde neles também embarcou o aedes aegypti – o mosquito transmissor. Facilmente se reproduziu, causou grandes estragos e rapidamente a epidemia se espalhou por todo o continente.
Numa época em que a teoria bacteriana mal estava se iniciando, falar em vírus como agente responsável seria ainda menos possível.
O conhecimento científico ainda muito pouco sabia sobre sua transmissão.
Encontrando-se os Estados Unidos em guerra contra Cuba, havia uma grande mortalidade de soldados americanos por febre amarela.
O major Walter Reed - fazendo experiências que hoje chocariam a ética, procurando provar as opiniões do médico nativo Carlos Finlay que achava que o aedes seria o transmissor - colocou cubanos sadios em gaiolas onde seriam picados, e, em outras, pessoas que vestiriam apenas roupas de doentes.
Rapidamente foi concluído que os que adquiriram a doença eram os picados pelo aedes aegypti.
Foi realizado um Congresso Médico em Cuba em 1900 e a teoria foi acatada.
Em 1912, a cidade do Rio de Janeiro, que estava infectada por febre amarela, conseguiu sua erradicação através dos trabalhos de Oswaldo Cruz que, por meio de pulverização, extinguiu os mosquitos. E assim, também ocorreu em todas as cidades do Brasil infectadas.
O último caso que se tem conhecimento de febre amarela urbana foi em 1942.
O agente identificado como um flavivírus que ataca outros primatas, além do homem, passou a ser transmitido apenas em sua forma silvestre, veiculada por mosquitos das florestas como o haemagogos e o sabethes. Os hospedeiros passaram a ser os macacos e o homem seria atingido tangencialmente.
A febre amarela silvestre passou a ser endêmica apenas em algumas regiões do Brasil, como a Centro-Oeste.
Nestes últimos anos, os desmatamentos criminosos e a destruição irresponsável do meio ambiente passaram a aproximar o homem das florestas. O vírus não se localiza apenas nas mata, mas nos parques urbanos.
O homem passou então a ser atacado, não mais de forma tangencial, mas epidêmica.
Convém, entretanto, lembrar que o aedes aegypti continua habitando as cidades e transmitindo a dengue, a zika e a chikungunya.
A deterioração das condições higiênicas no meio urbano tem plenas condições de reinfectar o aedes também com o vírus da febre amarela, que então passaria a ser transmitida tanto na forma urbana como silvestre.
Isto acarretaria uma epidemia sem controle e de difícil erradicação.
Aconselhamos a todos que não só se vacinem contra a febre amarela, mas lutem contra a destruição do meio ambiente, pois é este o principal fator da propagação das epidemias.